THC: o que é, para que serve e quais os efeitos esperados?

O uso da cannabis medicinal tem ganhado espaço na medicina moderna, e um dos seus principais componentes, o THC, desperta curiosidade e interesse por seu efeito psicoativo. Mas você sabe de fato o que é THC? Quais os seus efeitos no corpo humano? Para que ele serve? Se é seguro utilizá-lo em tratamentos? Neste conteúdo, você vai entender tudo sobre o THC: desde sua definição e diferença em relação ao CBD, até seu potencial terapêutico, efeitos colaterais e como adquirir legalmente medicamentos com essa substância no Brasil.

O que é THC e para que serve?

THC é a sigla para tetrahidrocanabinol, um dos principais compostos presentes na planta Cannabis sativa. Ele é conhecido por ser o principal responsável pelos efeitos psicoativos associados à cannabis, mas seu potencial vai muito além disso. O THC atua no sistema endocanabinoide, uma rede complexa de receptores espalhados por todo o corpo que participa de funções essenciais como dor, humor, sono, apetite e imunidade. Ao interagir com esses receptores — principalmente o CB1, presente no sistema nervoso central — o THC pode desencadear uma série de efeitos benéficos para a saúde. THC: para que serve? Entre os usos medicinais do THC, estão:

• Alívio da dor crônica e neuropática
• Estimulação do apetite em pacientes com câncer ou HIV
• Controle de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia
• Redução de espasmos musculares em pacientes com esclerose múltipla
• Auxílio no sono em pacientes com insônia resistente
• Potencial ansiolítico em casos selecionados

Essas aplicações vêm sendo respaldadas por pesquisas científicas robustas, como as publicadas no Journal of Pain, The Lancet Oncology e Neurology. A seguir, aprofundamos nas principais condições em que o THC tem mostrado eficácia terapêutica.

Qual a diferença entre o THC e o canabidiol?

Embora o THC e o CBD (canabidiol) sejam extraídos da mesma planta, eles têm efeitos bastante distintos no organismo.

• THC tem ação psicoativa: pode causar alterações na percepção, humor e comportamento.
• CBD não tem ação psicoativa: oferece efeitos terapêuticos como relaxamento, alívio da ansiedade e da dor, sem afetar a mente.

Ambos possuem potencial terapêutico, e em muitos casos, são usados em conjunto, aproveitando o chamado “efeito entourage” — uma sinergia entre os canabinoides que potencializa seus efeitos.

THC como tratamento: descubra as patologias que podem ser tratadas

A ciência avançou significativamente nas últimas décadas em relação à cannabis medicinal, e o THC vem se destacando como um importante aliado no tratamento de diversas condições clínicas. Veja as mais relevantes:

THC para controle da ansiedade

Embora o CBD seja mais conhecido por seu efeito ansiolítico, estudos sugerem que o THC em doses baixas pode modular a ansiedade com eficácia. Um estudo publicado na Journal of Psychopharmacology (2017) demonstrou que doses baixas de THC (cerca de 7,5 mg) reduziram o estresse em situações simuladas de fala em público. Contudo, doses mais altas aumentaram a ansiedade em alguns participantes, mostrando a importância do equilíbrio posológico e da supervisão médica.

THC para redução da dor e inflamação

A dor crônica é uma das indicações mais estudadas para o uso do THC. Uma revisão sistemática publicada no JAMA (2015) mostrou que canabinoides, incluindo o THC, são eficazes no manejo da dor crônica, com benefícios clínicos semelhantes aos opioides, mas com menor risco de dependência. Além disso, pacientes com condições como artrite reumatoide e esclerose múltipla têm relatado significativa melhora na mobilidade e na dor, como confirmado em estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados.

THC para tratamento de glaucoma

O glaucoma é caracterizado pelo aumento da pressão intraocular (PIO), podendo levar à cegueira. O THC mostrou-se eficaz na redução da PIO. Uma das primeiras evidências vem de um estudo da Hepler e Frank (1971), que mostrou que fumar cannabis reduzia a PIO em até 30%. Contudo, o efeito dura apenas algumas horas, e o uso contínuo ainda é tema de debates. Formas farmacológicas alternativas (óleos, vaporizadores) estão sendo estudadas para maximizar os benefícios e minimizar riscos.

THC para aumento de apetite

Pacientes com câncer avançado, HIV/AIDS e distúrbios alimentares frequentemente enfrentam perda de peso significativa. O THC é capaz de estimular o centro do apetite no hipotálamo, promovendo o ganho de peso. O medicamento Dronabinol (THC sintético), aprovado pelo FDA nos EUA, é usado com esse fim. Uma metanálise de 2014 publicada na Annals of Oncology mostrou que pacientes em quimioterapia tratados com Dronabinol apresentaram melhora no apetite e ganho de peso.

THC para melhorar qualidade do sono

A insônia e os distúrbios do sono são alvos importantes da terapia com cannabis. Um estudo publicado na Frontiers in Pharmacology (2018) destacou que o THC ajuda a reduzir o tempo para adormecer e aumenta o tempo total de sono em pacientes com distúrbios crônicos. Além disso, o THC pode ser útil para distúrbios como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), sempre com orientação médica e avaliação individualizada.

Possíveis efeitos colaterais do THC

Apesar dos muitos benefícios, o uso do THC pode provocar efeitos adversos, especialmente em doses elevadas ou quando não é bem indicado para o paciente. Entre os principais estão:

• Boca seca
• Sonolência
• Aumento da frequência cardíaca
• Comprometimento da memória recente
• Ansiedade ou paranoia (em alguns casos)
• Tontura ou quedas da pressão arterial

Esses efeitos costumam ser transitórios e variam conforme a dose, a forma de administração e a sensibilidade individual. Por isso, é essencial ter acompanhamento médico. Além disso, o uso de THC deve ser evitado em pacientes com histórico de transtornos psicóticos ou esquizofrenia, pois pode agravar os sintomas.

Como adquirir legalmente produtos medicinais com THC?

No Brasil, é possível acessar medicamentos com THC por meio de prescrição médica. As principais etapas são:

1. Consulta com médico prescritor, que avalia a necessidade terapêutica.
2. Elaboração de laudo e receita, conforme regras da Anvisa.
3. Aquisição do produto por meio de farmácias especializadas ou importadoras autorizadas.

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