Controle de dor neuropática refratária com o uso de CBG + CBD Full Spectrum
Controle de dor neuropática refratária com o uso de CBG + CBD Full Spectrum
Paciente M.C.R., 47 anos, sexo feminino, estudante de Medicina, apresentava quadro de dor lombar crônica intensa com irradiação para membros inferiores. Os exames de imagem demonstraram espondiloartrose lombar, listese posterior de L4, espondilolistese anterior grau I de L5 e abaulamentos discais múltiplos, com estenose dos neuroforames e compressão radicular. A paciente evoluía com dor neuropática refratária, caracterizada por episódios incapacitantes, com escore de 10 na Escala Visual Analógica (EVA) e 24 no questionário LANSS.
Ao longo dos anos, havia recebido múltiplas abordagens terapêuticas, incluindo anti-inflamatórios, opioides (morfina 10 mg a cada 4 horas e codeína 30 mg a cada 6 horas), anticonvulsivantes como carbamazepina e pregabalina, e duloxetina 50 mg/dia, mantida para modulação ansiosa e analgésica. Também realizou infiltrações paravertebrais e cursos curtos de corticoide, com melhora apenas transitória. Apesar das diversas estratégias farmacológicas, o controle da dor era insatisfatório, e os efeitos colaterais, como sedação e constipação, comprometiam significativamente sua qualidade de vida.
Diante da refratariedade clínica, foi proposta a introdução de uma formulação de óleo CBG + CBD Full Spectrum (Reuni), com o objetivo de modular a dor neuropática e reduzir a carga de opioides. O tratamento foi iniciado com 20 gotas duas vezes ao dia, correspondendo a uma dose aproximada de 40 mg diários de fitocanabinoides, com ajustes graduais de acordo com a resposta clínica. Manteve-se o uso de duloxetina 50 mg/dia, e a dipirona foi mantida apenas como analgesia de resgate.
Após uma semana de tratamento, a paciente relatou redução de aproximadamente 70% da dor, melhora significativa do sono e maior disposição física, permitindo a redução da dose de opioides pela metade. Na segunda avaliação, por volta do 15º dia, referia dor mínima, com EVA 0/10 e LANSS 9, mantendo leve alodínia residual em coxa e perna direita. Introduziu-se lidocaína tópica para controle adjuvante, e a paciente relatou alívio quase completo. Após quatro semanas, encontrava-se sem dor espontânea, com melhora da função motora, da qualidade do sono e do humor, além de retomada plena das atividades diárias e acadêmicas. Na sexta semana, foi possível a retirada total dos opioides, mantendo-se apenas o óleo CBG + CBD e a duloxetina em dose estável. Nenhum evento adverso foi relatado.
Do ponto de vista fisiopatológico, a associação entre CBD e CBG promoveu um efeito sinérgico relevante. O CBD atua sobre receptores CB1 e CB2, além de interagir com canais TRPV1 e receptores serotoninérgicos 5-HT1A, modulando inflamação e sensibilização central. O CBG, por sua vez, exerce ação sobre receptores α2-adrenérgicos e atua como modulador dopaminérgico e serotoninérgico, conferindo efeito analgésico e anti-inflamatório adicional. Essa interação reforça o chamado efeito entourage, potencializando os resultados clínicos e permitindo melhor resposta em casos refratários.
Conclusão
A experiência relatada demonstra que o uso do CBG + CBD Full Spectrum pode representar uma alternativa terapêutica eficaz e segura no manejo de dor neuropática refratária, especialmente em pacientes com múltiplas falhas terapêuticas prévias. O caso evidenciou melhora expressiva da dor, descontinuação de opioides e recuperação funcional significativa, sem eventos adversos. Esses achados reforçam o papel do CBG como canabinoide coadjuvante de relevância clínica, ampliando o arsenal terapêutico do prescritor e fortalecendo o modelo de cuidado integrativo e personalizado no tratamento da dor crônica.