Cannabis Medicinal

Por que grande parte dos médicos não receitam cannabis medicinal?

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Por que grande parte dos médicos ainda não receita cannabis medicinal?

Essa foi a pergunta que o Dr. João Carlos Normanha Ribeiro buscou responder num texto publicado no dia 13 de abril de 2020 pelo site Cannabis Medicinal Brasil.

Ribeiro é membro efetivo da International Cannabinoid Research Society (ICRS), Diretor Médico da AGAPE (Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal), Diretor da Câmara Técnica de Fibromialgia da SBEC (Sociedade Brasileira do Estudo sobre a Cannabis) e Diretor Médico do Instituto de Medicina Orgânica/GO.

O conceituado médico analisa de forma abrangente os motivos pelos quais a maioria dos médicos brasileiros são contrários ao tratamento com cannabis medicinal para os mais diversos tipos de patologias.

Ele identifica a origem do problema na formação dos médicos brasileiros, uma vez que, o sistema endocanabinóide não é lecionado na maioria das faculdades do país.

Portanto, segundo Ribeiro, muitos profissionais da saúde não são apresentados ao principal regulador de todos os outros sistemas receptores do corpo humano. Assim, como o sistema endocanabinóide não é ensinado nas escolas de medicina, os futuros médicos não são preparados para conhecer sobre o assunto e naturalmente não confiam nele.

Confira abaixo:

“Uma pesquisa realizada entre os médicos nos EUA, demonstrou que mais de 60% deles não prescrevem e não apoiam a prescrição dos derivados da cannabis. No Brasil não temos uma pesquisa semelhante, mas na prática médica observo que mais de 80 % dos médicos brasileiros são contrários ao tratamento com a cannabis para diversas patologias.

Quando questionados em relação à quais patologias eles acreditam na eficácia da cannabis, a grande maioria deles afirma que o uso seria direcionado ao tratamento paliativo ( câncer em estágio terminal ) e poucos, pouquíssimos relataram prescrever ou apenas estudar sobre o assunto no que se refere á doenças crônicas, dores refratárias, autismo, epilepsia e mais, prevenção as doenças neurodegenerativas.

Essa constatação é extremamente grave, devido ao fato de que algumas patologias, comprovadamente possuem maior eficácia com os derivados da cannabis, quando comparados com os alopáticos convencionais.

Isso se deve ao fato da existência do sistema endocanabinoide, sistema esse que está ligado á modulação de todos os processos fisiológicos corporais, dentre os mais importantes, o humor, comportamento, sono, apetite, motivação e recompensa, movimentos finos, equilíbrio, memória, sistema imunológico, trânsito e homeostase intestinal, mecanismos de transmissão das dores e outros.

Inúmeras patologias estão sendo relacionadas á deficiências desse sistema endocanabinoide, podendo em alguns casos, ser a origem desses distúrbios, oque explicaria a baixa resposta terapêutica com a alopatia convencional, devido ao fato que deficiências nesse sistema, respondem muito bem aos compostos da cannabis. Afinal é nesse sistema que a maioria dos fitocanabinoides agem, promovendo a modulação que tanto ouvimos falar.

Mas aonde está a origem desse problema, quanto ao fato dos médicos simplesmente não conhecerem ou entenderem sobre esse Sistema Endocanabinoide?

A origem do problema: omissão na educação

Uma omissão flagrante que prejudica os médicos pode ser rastreada até a escola de medicina. O sistema endocanabinóide (SEC) não é ensinado na maioria das escolas médicas, portanto, os profissionais de saúde não têm conhecimento do que fazem, nem que é o principal regulador de todos os outros sistemas receptores. Como nem o SEC nem o medicamento canabinoide são ensinados na escola de medicina, os profissionais de saúde não têm muita educação e naturalmente não confiam nele.

O SEC não é um conhecimento novo, no entanto. Os cientistas sabem da existência do sistema endocanabinoide há mais de 25 anos, pesquisas realizadas em conjunto Phd Mechoulam e PhD Howlett. Mais recentemente, os pesquisadores levantaram a hipótese de que esse sistema interno de sinalização começou a evoluir há mais de 600 milhões de anos, remontando a formas de vida pré-históricas não mais complexas do que as esponjas.

Hoje, estudos demonstraram que os receptores canabinóides estão presentes na pele, células imunológicas, ossos, tecido adiposo, pâncreas, fígado, coração, vasos sanguíneos e trato gastrointestinal.

Você poderia justificadamente argumentar – e alguns especialistas afirmam – que o sistema endocanabinóide é um dos sistemas fisiológicos mais críticos implicados no estabelecimento e manutenção da saúde humana, funcionando como uma ponte entre o corpo e a mente.

Mas entre os menos instruídos estão aqueles que precisam ser os mais informados. Muitos prestadores de serviços de saúde ainda não estão familiarizados com o SEC – que continua em constante estudo e inúmeras pesquisas vêm sendo publicadas, basta conferir no google scholar ou pubmed ( sites de publicações médicas ).

Cannabis é medicina botânica, não medicina farmacêutica

A grande maioria, grande maioria mesmo ( acima de 90 % ) dos médicos estão acostumados a remédios farmacêuticos direcionados de ação única, com composição formulada, bula especificando todas as possibilidades possíveis de efeitos colaterais e dosagens protocoladas e revisadas, porém a cannabis é um medicamento botânico composto por mais de 165 compostos ativos que funcionam sinergicamente. Os medicamentos botânicos exigem mais educação do paciente e, muitas vezes, o acompanhamento contínuo e individualizado por parte do médico que prescreve esse tratamento.

A maneira como a maioria dos profissionais atualmente trabalham, não permite tempo suficiente para isso, ou simplesmente não têm interesse.

Ser médico é um trabalho estressante e de alta pressão, tendo que atualizar o conhecimento constantemente, são exigências diante de uma ciência que evolui tão rapidamente no quesito tecnologia e técnicas/protocolos. Nós médicos trabalhamos muito e sempre há mais para aprender e ler. Convencer um médico a gastar mais tempo aprendendo sobre um medicamento que ainda é federalmente ilegal não é a tarefa mais fácil.

A prescrição de maconha e seus derivados também requer paciência e tempo, e a prática clínica nos mostra que, alguns pacientes podem levar semanas ou até meses para atingir sua dose ideal de cannabis. Aprender a dosar os medicamentos de forma incremental para encontrar o ponto ideal pode fortalecer o paciente, mas pode absorver mais tempo na consulta.

Ensinar os pacientes a auto-administrar remédios não é familiar para os médicos, mas isso já acontece com a alopatia convencional. Por exemplo fazemos isso com pacientes diabéticos em uso de insulina ou com dor, que devem auto-titular a gabapentina. A metodologia é semelhante com a cannabis, durante um período de informação e orientação, todo paciente estará apto a promover a regulação de sua própria dosagem.

Como são doenças crônicas as que mais se beneficiam com a cannabis, provavelmente esse indivíduo irá utilizar esses derivados por um bom tempo senão a vida toda. A boa notícia é que quando mais precoce for o início do tratamento, menores doses e menos efeitos colaterais serão relatados.

Finalmente, o risco de responsabilidade representa um impedimento adicional. Nenhuma companhia de seguros cobrirá os prestadores de serviços de saúde para prescrever remédios com canabinóides, portanto, existem razões estruturais e legais que os médicos evitam.

E qual seria a solução para esse caso?

A primeira coisa a se fazer, é promover intensamente palestras, congressos, publicidade e tudo que possa promover o sistema endocanabinoide no meio médico, para que parta deles o interesse em estudar sobre a modulação desses sistema e eventualmente, o uso dos derivados da cannabis.

O passo mais importante nessa caminhada, é a integração das faculdades de medicina, incorporação aos currículo médico e a promoção dos estudos e pesquisas relacionadas ao assunto.

Precisamos que os médicos que se formem no futuro, já venham com o conhecimento adequado sobre a terapia do sistema endocanabinoide, para que não perpetue a idéia de que existe um “médico prescritor de cannabis”, afinal todos os médicos estão autorizados á isso, falta apenas habilitarem á isso.

É claro que a decisão de aderir ou não ao tratamento com os fitocanabinoides é totalmente dedicada ao médico, porém o direito de procurar por um especialista que o faça, também é direito do paciente. Talvez essa seja a maior arma contra a negligência relacionada á cannabis e SEC.

Médicos que não tiverem conhecimento sobre o sistema endocanabinoide, sua modulação e eventual manejo de inúmeras doenças crônicas relacionadas á ele, perderão seus clientes, muitos devido a sua postura diante dessa questão perderam ou perderão a sua credibilidade, afinal as informações e melhoras evidentes estão aí, na mídia, entrevistas, jornais, televisão, só não vê quem não quer !

Ninguém está tentando orientar a prescrição dos médicos e nem que eles afirmem que a cannabis é terapia. O que enfatizamos aqui é a real necessidade de incorporar o estudo e o conhecimento sobre o sistema endocanabinoide e implicações nas suas deficiências á todos os profissionais de saúde, só assim teremos melhores chances de lidar com as doenças crônicas degenerativas”.

Fonte: Dr. João Carlos Normanha Ribeiro

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Autor

ReMederi

A Remederi é uma empresa brasileira de saúde, com a missão de promover qualidade de vida por meio do acesso a produtos, serviços e educação sobre Cannabis medicinal.

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