Cannabis Medicinal

Dr. Elisaldo Carlini, uma das maiores referências em estudo de cannabis no Brasil, completa 91 anos

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O médico, pesquisador e professor Elisaldo Carlini completou 91
anos de idade nesta terça-feira (09/06).

Conhecido como um dos maiores cientistas brasileiro sobre estudo de cannabis, é professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), sendo um dos pioneiros da Farmacologia do nosso país.

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (1957) e mestrado em Psicofarmacologia – Yale University (1962).

Tem experiência na área de Farmacologia, com ênfase em Neuropsicofarmacologia, atuando principalmente nos seguintes temas: drogas, levantamentos epidemiológicos, plantas medicinais, psicofarmacovigilância.

Renomado como um dos maiores especialistas em entorpecentes do Brasil, e um dos mais respeitados internacionalmente, tendo estudado os efeitos da cannabis e de outras drogas em nível experimental durante toda sua vida profissional.

Ao longo dos seus anos de atuação, foi condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho como pesquisador, citado 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais. Foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU).

Doutor honoris causa de inúmeras universidades e instituições dentro e fora do país, Carlini também é diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), está no sétimo mandato como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS), ex-membro do International Narcotic Control Board (INCB), eleito pelo Conselho Econômico Social das Nações Unidas, parecerista do Phytotherapy Research e Journal of Ethnopharmacology e coordenador da Câmara de Assessoramento Técnico Científico da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD).

Atualmente continua ativamente debruçado em suas pesquisas experimentais, bem como na formação de doutores nessa área. Sua carreira e sua trajetória como intelectual e cientista demonstram claramente que o Prof. Carlini vive uma vida acadêmica em dedicação exclusiva.

Neste texto publicado pelo SciELO (biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros) intitulado “Pesquisas com a maconha no Brasil”, o professor detalha sua atuação e traça um apanhado histórico sobre o tema:

“Fazer um levantamento das pesquisas sobre a maconha realizadas no Brasil, ao longo do tempo, é tarefa difícil principalmente porque até meados das décadas de 50 e 60 as revistas científicas brasileiras tinham vida efêmera, não eram catalogadas e muitas já não são encontradas nas bibliotecas.
(….) A partir da década de 60, a situação começou a modificar-se com os estudos pioneiros de José Ribeiro do Valle na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Este procurou, por meio de experimentação animal, quantificar os efeitos de extratos da planta e contou com a colaboração da S. Agurell, da Suécia, e B. Holmastdt, da Suíça.

Valle ao mesmo tempo acolheu vários jovens brasileiros que passaram a se interessar pelo estudo da planta. Nascia assim o principal e duradouro grupo de pesquisa sobre a maconha, que tem continuidade até o presente graças aos “filhos, netos e bisnetos” de Valle.

Eu tive a honra de ser um dos “filhos”, gestado no Departamento de Farmacologia e Bioquímica da Escola Paulista de Medicina. Estimulado pelo meu “pai científico”, estagiei por quatro anos nos Estados Unidos para aprender “técnicas de psicologia experimental”, seguindo a sua orientação. Fundou-se então o Setor de Psicofarmacologia e, em seguida, o Departamento de Psicobiologia, em 1973, que passei a dirigir, concentrando as atividades em pesquisas com animais e alguns trabalhos clínicos experimentais com voluntários não-usuários de maconha.

Durante os próximos 30 anos foram publicados 57 trabalhos, 42 dos quais em revistas internacionais como Psychopharmacology; European Journal Pharmacology; Journal of Pharmacy and Pharmacology; Pharmacology; Biochemistry and Behavior; British Journal of Pharmacology; entre outras. Trabalhando em colaboração com grupos de química de Israel (R. Mechoulam) e da Alemanha (F. Korte), demonstramos então em animais que extratos de maconha, Δ9 -tetraidrocanabinol (Δ9 -THC), canabidiol e vários outros fitocanabinoides induziam tolerância que não era cruzada com LSD-25 e mescalina; que o estresse ambiental potencializava certos efeitos da maconha e que tinham marcante efeito hipnótico e anticonvulsivante.

Foi também demonstrado que o teor deΔ9 -THC não explicava todos os efeitos da planta dada uma ação moduladora do canabidiol sobre o Δ9 -THC. E

stes trabalhos trouxeram amplo reconhecimento internacional ao Departamento de Psicobiologia, a ponto de recebermos naquela época em estágio ou ano sabático vários cientistas de países como Uruguai (J. Monti), Argentina (I. Izquierdo), Grécia (H. Savaki) e Estados Unidos da América (R. Musty, P. Consroe).

Ao mesmo tempo, vários jovens brasileiros fizeram estágios ou pós-graduação no Departamento de Psicobiologia. Entre estes “netos do Valle”: A. W. Zuardi, R. Takahashi e I. Karniol, que retornaram aos seus locais de origem e estabeleceram produtivos grupos de pesquisa, notadamente no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.

Em 1984 foram publicados os dois últimos trabalhos, de revisão, do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP (3,4), sendo que um deles (4) permaneceu como um dos dez mais acessados (hotest papers) da revista Toxicon.

Os “netos do Valle”, principalmente A. W. Zuardi, continuam até o presente as pesquisas com canabinoides, notadamente o canabidiol. Tanto assim é que em uma recente revisão (5) são citados vários trabalhos do grupo de Ribeirão Preto demonstrando que este princípio ativo da Cannabis sativa L possui atividade ansiolítica, antipsicótica e efeitos sobre doenças motoras.

Na realidade, o grupo de Ribeirão Preto liberado por Zuardi e contando com alguns de seus ex-estagiários (“os bisnetos do Valle”), em suas respectivas universidades de origem, apresenta-se hoje como o mais importante grupo de pesquisa em canabinoides do Brasil.

Conforme mencionado, em quase duas dezenas de trabalhos publicados (5) focando a atenção no canabidiol, os autores estudaram seus possíveis efeitos terapêuticos na esquizofrenia, ansiedade, epilepsia e desordens motoras como moléstia de Parkinson.

Por outro lado, com as recentes descobertas de um sistema canabinoide completo no cérebro de mamíferos, inclusive o humano, pode-se antever que “os netos e bisnetos do Valle” continuarão a contribuir com importantes pesquisas sobre este tema”.

Em um momento no qual as universidades públicas, que desenvolvem pesquisa de qualidade, lutam para continuar realizando ciência e formação, além de projetos sociais, torna-se ainda mais importante defender a vida e a obra do Prof. Elisaldo Carlini. Também é fundamental defender a importância do desenvolvimento científico, sem o qual não se pode conquistar a evolução para a condição humana.

Fontes:

Nota da Reitoria da Unifesp sobre Prof. Elisaldo Carlini publicada pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goias e Currículo Lattes

Referências:
(3) Carlini EA. Riscos e promessas da cannabis. Scientific American Brasil. 2004;69- 75. [citado 19 Dez 2009]. Disponível em:http://www.sciam.com.br.
(4) Carlini EA. The good and bad effects of (-) trans-delta 9 – tetrahydrocannabinol (Delta 9-THC) on humans. Toxicon. 2004;44(4):461-7.
(5) Zuardi AW. Cannabidiol: from an inactive cannabinoid to a drug with wide spectrum of action. Rev Bras Psiquiatr. 2008;30(3):271-80.

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Autor

ReMederi

A Remederi é uma empresa brasileira de saúde, com a missão de promover qualidade de vida por meio do acesso a produtos, serviços e educação sobre Cannabis medicinal.

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